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Teatro Politeama. 3 de Agosto de 2013 (17h). Casa cheia.
Ora num traço mais súbtil, ora em traço grosso, mas tudo está lá, tudo aquilo por que o público clamava e não encontrava num espectáculo onde o segredo do êxito está no bom dosear de todos os ingredientes e na variedade da ementa. E, em abono da verdade, a ementa do Politeama é tão completa e deliciosa que o público sai de lá "empanturrado".
Mas, como em qualquer bom repasto, os pratos devem ser muitos e reduzidos, para que mal se saboreei um, logo outro reclame o paladar do público, ávido de alegria, de rir, de se divertir, esquecer os problemas, e ávido, também, de bom teatro e de se reencontrar com a boa e verdadeira revista à portuguesa, agora a desbravar novos caminhos e a encontrar o que mais lhe convém seguir para não acabar como, outrora, vimos acabar a opereta popular. E parece-nos a nós que La Féria descobriu o caminho que a revista pode, e deve, tomar, despegando-se um pouco de clichés já muito vistos e dos quais o público se aborreceu. E talvez tenha chegado a altura de a revista mudar a sua roupagem, de modos e La Féria merece daqui a nossa maior salva de palmas por ter desbravado novos caminhos.
Mas, como em qualquer bom repasto, os pratos devem ser muitos e reduzidos, para que mal se saboreei um, logo outro reclame o paladar do público, ávido de alegria, de rir, de se divertir, esquecer os problemas, e ávido, também, de bom teatro e de se reencontrar com a boa e verdadeira revista à portuguesa, agora a desbravar novos caminhos e a encontrar o que mais lhe convém seguir para não acabar como, outrora, vimos acabar a opereta popular. E parece-nos a nós que La Féria descobriu o caminho que a revista pode, e deve, tomar, despegando-se um pouco de clichés já muito vistos e dos quais o público se aborreceu. E talvez tenha chegado a altura de a revista mudar a sua roupagem, de modos e La Féria merece daqui a nossa maior salva de palmas por ter desbravado novos caminhos.
De um divertido e pouco usual prólogo, onde damos as "más-vindas" aos profetas da destruição, encontra-mo-nos com João Baião numa luxuosa abertura e aplaudimos depois, vibrantemente, uma Marina Mota, que tanta falta fazia ao Teatro de Revista, numa entrada triunfal. Daí por diante um desfile números bem montados, oportunos e mordazes mantém o público em constante excitação, sempre à espera de mais, rindo a bandeiras despregadas, gritando bravos e acariciando os artistas a cada palma vibrante. Num primeiro acto musical, ligeiramente mais fraco, e num segundo acto que é um autêntico festival das gargalhada, o público não para de vibrar com os seus artistas.
Como é natural há sempre um parêntesis, que, por vezes, as buchas dos actores conseguem eliminar, como acontece com o número do Filósofo em Paris, entre outros pequenos apontamentos que talvez fossem desprezáveis.

À cabeça da companhia, a rainha da revista, a única que leva o público ao rubro e sucessora única de Laura Alves, Beatriz Costa ou Ivone Silva, que neste espectáculo é homenageada num número arrebatador. Referi-mo-nos, obviamente, a Marina Mota. Ela é revista da cabeça aos pés, prende o público, mexe, remexe e trimexe, olha reolha e triolha, desce à plateia e abraça o público, lança o olhar malicioso de menina, e o público gosta, gosta porque se revê nela em cada palavra, em cada sorriso e em cada olhar. Nada se pode dizer de Marina, que ainda não tenha sido dito. Nada de mal se pode dizer dela, nenhuma falha se pode apontar. Por muitas pessoas que estejam em palco, Marina é aquela que prende o olhar do público. Polícia e Ladrão fica na história e que dizer de todas as suas seis personagens em O Prédio?

E que podemos nós dizer da divertida e grande Maria Vieira, a nossa querida parrachita, que até faz a roda e breakdance, é Vamp e mostra a perna? Apesar de tudo, Maria Vieira tem números que não dão a dimensão do seu talento, como é o caso do Convento dos Segredos, mas este é um dos casos em que o génio criador do intérprete, sobrepões o génio criador do autor e o público esquece que o texto tem um conteúdo um pouco mais fraco, porque a intérprete, por si só, já vale.
Vanessa surge-nos mais como cantora, mas nas suas intervenções enquanto actriz é admirável a sua força dramática, que antes tínhamos visto numa admirável Judy Garland. Em Zé Povinho, tem o seu momento alto, acariciada com um mar de aplausos e bravos. Contudo, parece-nos a nós, merecia números cómicos e talvez se pudesse cortar a já muito vista Marioneta, que apesar de um momento bonito poderia ser substituído por algo que nos desse uma outra Vanessa.
Ricardo Castro tem algumas pequenas intervenções que não estão à sua altura, pela falta de conteúdo dos textos, mas a sua Joana Vais conhecê-los tapa todo e qualquer buraco ou falha que os seus outros textos possam conter, nada por sua culpa, porque ele é, seguramente, um dos grandes valores deste género teatral, comparável a um saudoso Sr. Vasco Santana.
Rui Andrade surge-nos, também, mais como cantor, mas no Prédio mostra-nos que pode vir a ser um excelente revisteiro. É, por isso, um talento a aproveitar.
Bruna Andrade há muito que deixou de ser revelação e quem viu A Flor do Cacto, há dois anos, é impossível não ter notado no talento gigante desta jovem que será, certamente, muito notada.
Patrícia Resende é outro talento nato, a merecer mais números que lhe dêem asas para brilhar. Arriscamo-nos até a dizer que Patrícia Resende tem porte de vedeta. Sabe pisar o palco, tem bastante talento e aqui está à vista de todos. Que saibam aproveitá-la e ela continuará a subir.
Filipe de Albuquerque está nas mesmas condições de Patrícia Resende. Sabe criar bonecos, atirar as graças. Outro jovem a aproveitar em futuras produções, assim como a jovem e bonita Adriana Faria, de quem podemos dizer exactamente o mesmo.
Não podemos encerrar esta já longa crítica, sem frisar o grande Corpo de Baile, que traz à revista uma nova dimensão com as coreografias originais de Marco Mercier, que consegue tirar à revista a sua pobreza franciscana inerente aos bailados, que tanta vezes nos têm impingido.
A direcção musical de Mário Rui, que assinou algumas das músicas que abrilhantam o espectáculo, é brilhante, onde não falta sequer a marchinha do segundo acto que põe o público a cantar com Marina. De assinalar ainda a orquestra, que toca toda a música ao vivo, algo que enriquece bastante um espectáculo.
Plasticamente esta Grande Revista à Portuguesa deve ser o mais rico espectáculo de que há história no Teatro de Revista, existindo até um bolo gigante que surge das entranhas do palco. Quem diria que a Broadway ainda iria regressar a Portugal em tempos de gorda crise, com os cenários de luxo de La Féria e o génio criativo de José Costa Reis que nos deu alguns dos melhores figurinos de que há memoria nos últimos anos...

Grande Revista à Portuguesa é o grande espectáculo de Lisboa, o melhor que a revista tem para dar e a revista por que o público esperava, revista que agora está de novo no auge, em toda a sua pujança de menina bonita do povo.
