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Teatro Politeama. 11 de Setembro de 2013 (21h30). Sala cheia.
Será difícil, desde já, fazer jus a um espectáculo desde calibre com apenas um texto. É de uma qualidade espantosa. Tanta, que se torna difícil – no bom sentido, claro. Chegam a haver momentos em que há em palco tanta magia, tanto detalhe pequenino, que se torna arrebatador. É o palco que sobe e desce e roda e mexe, são cenários e figurinos de sonho, são os actores, magníficos e a música e os bailarinos. E o veste-despe de personagens e quadros sem parar… são três horas de fantasia que passam a voar. E fica o desejo de voltar a ver tudo, uma e outra vez.
A crítica à conjuntura actual,
como parte típica que é da Revista à Portuguesa, intercala-se com grandes
momentos, de grande humor e também de arrepiar. Desde uma hilariante Joana
Vais Conhecê-los na pele de Ricardo Castro, que arranca risos espontâneos com
toda a facilidade, a um pobre Zé Povinho interpretado por Vanessa, capaz
de levar às lágrimas. Maria Vieira é a estrela do quadro Ela, toda em plumas
cor-de-rosa, uma verdadeira diva, a brilhar num fantástico cenário de Filipe La
Féria, o verdadeiro “faz-tudo”: produz, encena os actores, dirige, escreve os
textos, desenha os cenários… e vende até os programas no seu Politeama. E a
verdade é que tudo o que tem feito, tem o feito extraordinariamente bem!
Há ainda um Prédio, com quatro
janelas e uma água-furtada, repleto de humor, uma celebração da cidade de
Lisboa, de uma beleza de cortar a respiração, um Convento dos Segredos com
umas Irmãs, no mínimo, especiais… Um tributo à música nacional, pela Maria
Portuguesa que nos traz Marina Mota, mostrando-nos que Portugal tem muito para
oferecer.É sem dúvida um espectáculo digno de se ver mais que uma vez, há ainda muito mais, de Mourinho a Facebook, de Marioneta a Angolanos, fala-se de tudo um pouco neste espectáculo… E, sem desprimor a todo um espectáculo fantástico, não podia deixar de destacar o meu momento favorito: a homenagem a Ivone Silva, feita por Marina Mota, num número simplesmente arrebatador, a todos os níveis. Marina desdobra-se entre uma Ladra e uma Polícia, ao estilo do número Olívia, Olívia de Ivone, e, sobre uma plataforma giratória, nos vai contando as peripécias desta personagem, desta mulher dividida, num momento de uma fisicalidade, texto e interpretação estonteantes.
