A Revista Não Morre! trata-se de um debate realizado dia 13 de Janeiro de 2015, no Teatro Maria Vitória - Parque Mayer, com o intuito de reflectir acerca do passado, presente e futuro da Revista à Portuguesa e do próprio Parque Mayer. As responsáveis pelo projecto - Bárbara Água, Flávia Ramalho e Mrjanna DAri concederam-nos a seguinte entrevista:
- De onde partiu a ideia de realizar esta conversa aberta sobre Teatro de Revista?
- Na disciplina de Gestão Cultural leccionada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foi-nos proposto pela professora Teresa Malafaia a execução de um acontecimento cultural cuja temática ficava ao nosso critério (claro que sujeita a aprovação da docente). A ideia de levarmos a Revista à Portuguesa e o Parque Mayer à discussão surgiu depois dos elementos do grupo repararem que este género teatral era um pouco ignorado pelas camadas mais jovens da sociedade. E o objectivo da conversa era dar a conhecer a essas camadas um estilo de teatro que nos orgulha a todos e ainda a história de um recinto tão emblemático como o Parque Mayer.
- Ao apostarem e partirem para esta ideia, que objectivos e expectativas se impuseram?
- Decidimos, em primeiro lugar, que a base da conversa aberta seria o passado, presente e futuro do Teatro de Revista para que assim conseguíssemos dar a conhecer ao público episódios dele desconhecidos e ainda para que a discussão se desenrolasse de um modo cronológico. Para além disso, considerámos importante questionar os convidados acerca do preconceito existente para com a Revista à Portuguesa e do esquecimento por parte da sociedade do Parque Mayer. Colocámos estas questões não só para sensibilizar o público mas também na tentativa de encontrar um modo de resolução destas duas questões.
- Foi difícil o processo para a sua realização?
- Difícil, não. Foi complexo e demorado. Começamos a contactar as entidades no mês de Outubro e, desde essa parte até ao dia da sessão, trabalhamos para que tudo corresse da melhor forma. Desde o contacto com o Teatro Maria Vitória até ao contacto com os convidados e ainda as formas de publicitar o evento, tudo foi feito com o maior rigor para que conseguíssemos no final uma conversa agradável entre os convidados e o público assistente. Apesar disso, surgiram alguns contratempos que foram resolvidos antes do início da conversa.
- Depois da conversa aberta, no Maria Vitória, qual é o balanço da iniciativa?
- O balanço é muito positivo. A conversa foi muito agradável e o público estava completamente envolvido nas experiências dos convidados. A sessão até se alargou um pouco mais do que estava previsto; porém, na sala ninguém se sentiu enfadado ou saturado com a temática. Conseguimos relembrar o passado, discutir o presente e falar sobre o futuro da Revista à Portuguesa e do Parque Mayer, esta era a estrutura da conversa que conseguimos cumprir e, no final, sentimo-nos muito felizes com o resultado e com as reacções de todos aqueles que assistiram.
- Qual o acolhimento do público ao evento?
- Tivemos cerca de 40 pessoas a assistirem ao evento, o que acaba por ser um número bastante significativo, apesar de se notar uma maior afluência de pessoas de idade avançada. Mas o mais importante foi termos conseguido um público participativo e que mostrava o amor à Revista à Portuguesa e ao Parque Mayer.
- No final, perante todas as questões debatidas, a que respostas chegaram?
- No final, depois de falarmos do passado, presente e futuro do Teatro de Revista e do Parque Mayer, chegamos à conclusão que há por parte de todos uma saudade imensa do Parque Mayer no seu tempo áureo, não só por parte daqueles que viveram esses tempos mas também por parte de um público mais jovem que não o viveu mas que sente uma enorme curiosidade acerca dele. Concluímos também que muito do preconceito à volta da Revista existe pela falta de conhecimento que o público tem e também pela falta de educação artística que vemos no país. E constatamos que A Revista Não Morre! não só porque o povo não deixa mas também porque ainda há por parte de alguns actores, autores e empresários a vontade de a levar ao público.
- Depois da primeira experiência, há projectos para a repetir?
- O nosso grupo é composto por duas estudantes com grande amor às artes e ao Teatro de Revista, e por uma estudante de Erasmus de um ano que quis conhecer mais da cultura portuguesa, portanto com a actual composição do grupo será muito complicado. Mas quem sabe, se não nos organizamos de modo a que repitamos a sessão e acrescentemos mais dinamismo ou um outro formato? Quem sabe, não é? Fica em aberto até porque é um tema que realmente amamos…


